segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Extraordinário


August Pullman é um garoto que nasceu com o rosto deformado por causa de uma mutação no autossomo recessivo no gene TCOF1, conhecida como disostose bucomaxilofacial ou por síndrome de Treacher. Por causa disso, a família achou por bem ensiná-lo em casa, a sua mãe é a professora. Mas agora, aos dez anos, seus pais decidiram que ele deve frequentar a escola e vai começar os estudos no quinto ano.

O livro conta sobre o primeiro ano de Auggie na escola. É um período de mudanças e muito difícil para ele. Ele sofre preconceito, é discriminado e quase toda a escola não gosta dele.

O leitor acompanha as dificuldades e o processo de transformação pelos quais Auggie passa. É um livro bastante triste, mas traz reflexões e valores que podemos aplicar no nosso dia a dia, no convívio com outras pessoas, a aceitar as diferenças e o que vale mesmo a pena é o que nós somos.

Há vários narradores. O principal é August Pullman, mas há capítulos narrados pela irmã Olivia (Via) e pelos amigos. Isso nos permite ver a história por outros pontos de vista. Essa troca de narrador faz com que a história cresça em qualidade e significado. Talvez se fosse apenas contada por Auggie a história ficaria cansativa e chata. A minha crítica vai para a parte narrada pelo namorado da irmã, o Justin. Nessa parte, as frases e orações não começam por letra maiúscula. Gera estranhamento. Não sei o que o autora quis dizer com isso e portanto acredito que não funcionou bem. Quem tiver uma dica, pode me dizer.

Um ponto interessante do livro, e que já valeria a leitura, é que o professor de inglês, o senhor Browne, a cada mês traz para os alunos preceitos que vão desde William Shakespeare a Homer Simpson. Os alunos precisam refletir sobre os preceitos e depois tentar criar o seu próprio. Acho que um dos que eu mais gostei foi este do Auggie, Toda pessoa deveria ser aplaudida de pé pelo menos uma vez na vida, porque todos nós vencemos o mundo. Há um livro de preceitos do professor Browne chamado 365 dias extraordinários. Dei uma olhada e parece ser bem legal.

Eu recomendo a leitura, apesar de ser uma história triste. Nós podemos aprender muito sobre a tolerância, o outro, a empatia, a amizade e como podemos vencer na vida apesar de todas as adversidades.

A autora se chama R. J. Palacio, é um pseudônimo, e o livro foi publicado no Brasil pela Editora Intrínseca em 2013.

Dez. 2017

segunda-feira, 10 de abril de 2017

A menina que não sabia ler

Capa

A menina que não sabia ler conta a história de Florence, a protagonista, e seu irmão Giles de 8 anos. Os dois irmãos são órfãos e vivem aos cuidados dos empregados e da preceptora do irmão. A casa que é mantida pelo tio que mora na Europa, não possui nenhum contato com os sobrinhos e não gosta de ser incomodado com assuntos da mansão Blithe House.

Embora o livro se chame A menina que não sabia ler esse não é o tema principal da história. Florence aprende a ler em apenas um parágrafo de poucas linhas e o título original em inglês é Florence and Giles. Creio que seja uma jogada de marketing da editora LeYa já que você acaba comprando o livro pois o título em português desperta mais curiosidade do que em inglês.

A trama se passa nos Estados Unidos em 1891. Florence narra suas andanças por Blithe House junto com seu irmão mais novo. Em uma de suas aventuras pela mansão descobre a biblioteca e se encanta. Gostaria de ler todos aqueles livros, mas não sabe ler. Pede então a senhora Grouse que a ensine, mas esta se recusa com medo de perder o emprego. O tio é contra a educação das mulheres.

Florence é uma garota muito inteligente para sua idade, aparentando uma jovem em seus 20 anos e não uma criança de 11. Detalhe que não tira a preciosidade do romance, no entanto. Impossibilitada de ser alfabetizada por outra pessoa, aprende a ler e escrever sozinha com ajuda de uma cartilha na biblioteca e do criado John.

Depois de começar a ler, descobri que o livro de John Harding é uma releitura de A volta do parafuso, de Henry James, publicado originalmente em 1898, e há muitas semelhanças entre as duas obras, o que causou muita polêmica à época em que foi lançado em 2010. Não li A volta do parafuso.

O final de A menina que não sabia ler fica por conta do leitor. Há também um volume 2, ainda não lido por mim.

* * *

Leia esta resenha e outros textos no meu Medium.
Compre este livro na Amazon.

domingo, 20 de dezembro de 2015

11 Dias de Despertar - por Gustavo Tanaka


Capa do livro


11 Dias de Despertar - Uma jornada de libertação do medo (Idea Editora) é  um relato do processo de transformação pelo qual o autor do livro Gustavo Tanaka passou.
11 Dias de Despertar lembra muito o livro Conversando com Deus, de Neale Donald Walsh, porque ambos são uma conversa entre com uma mente mais esclarecida, superior, ou Deus, como queira chamar. Porém, enquanto um traz assuntos mais abrangentes, o livro do Gustavo Tanaka trata de temas muito mais individuais pelos quais todos os seres humanos passam e suas possíveis soluções.
O livro é dividido em dias e preferi seguir a estrutura dele, mas depois achei que poderia ir mais rápido e avançar e terminei de lê-lo em menos tempo. Aconselho a seguir a estrutura do livro porque dá tempo de refletir e pensar sobre os assuntos. É uma leitura gostosa e podemos descobrir novos caminhos, saber que é possível fazer diferente de tudo que já nos foi ensinado, se dar bem e ser feliz. Você já pensou, por exemplo, que a vida é fluxo e não esforço? Que você pode deixar se levar pelo que acredita e queira fazer de coração e seguir em frente? Que você pode fazer diferente da maioria das pessoas e ser feliz? Foi isso que aconteceu com o Gustavo Tanaka a partir do momento que ele começou ouvir a si e trabalhar para tornar o seu sonho realidade.
Esta obra é escrita numa linguagem simples de forma que todas as pessoas possam entender e compreender. 11 Dias de Despertar é um livro simples, não é como aqueles livros esotéricos e espirituais que precisa fazer um esforço danado para compreender e mesmo assim não entende. Talvez você se empolgue como eu fiz e queira saber mais e pôr em prática suas ideias. O foco é no fazer e nas soluções, não em problemas ou no que pode dar errado.
Para saber um pouco da transformação pela qual o Gustavo Tanaka passou: ele fundou a Baobbá Lab, empresa livre, horizontal e em que cada um trabalha o quanto quer e naquilo que gosta de fazer e a renda da empresa é divida igualmente entre os membros pelo tanto de horas que trabalharam. Ainda mantém projetos paralelos à Baobbá Lab e escreve regularmente no Medium.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Descobri o Medium

O que mudou quando descobri o Medium


Já devo ter tido algum contato com o Medium antes, mas o descobri e entendi o que ele é realmente há pouco mais de um mês, em Julho/2015.

Foi pelo Papo de Homem, li um texto legal e o autor tinha (tem) um perfil no tal Medium. Medium? O que é isso? Me interessei saber e descobri o paraíso.

O Medium é o que sempre procurei, mas nunca pensei que existisse tal ferramenta. Eu tenho blogs, gosto deles, mas de fato nunca foram o que eu realmente queria e desejei. O Medium é uma rede social, se assim podemos definir, para escritores, pessoas que gostam de escrever, curiosos e leitores escreverem suas histórias e suas ideias ou apenas lerem e interagirem com os autores. É como um blog, mas é mais do que isso. Escritores e leitores estão conectados um ao outro, facilita a interação e a troca de ideias. Além disso, ele é limpo, minimalista e pouco editável. Cada autor tem seu espaço, semelhante ao de outros autores, com seus textos, uma foto de avatar e uma foto de capa para o perfil. Esse minimalismo dá ênfase ao texto e seu conteúdo. Também é possível fazer comentários parágrafo a parágrafo e grifar palavras ou trechos. Parece ser um ambiente mais profissional que um blog.

Um blog permite mais edição, o que é bom, mas se a pessoa quer apenas contar suas histórias talvez não seja ideal pois há funcionalidades e efeitos que podem dispersar a importância do texto. E também tem suas limitações, não permite comentários em parágrafos nem grifar trechos. No blog, o escritor é sozinho e apenas interage com seus leitores, se tiver.

Desde que conheci o Medium, tenho escrito mais, buscado variar os conteúdos para escrever, lido diversos textos diferentes de outros autores e tenho adorado. Eu não preciso ficar fazendo propagandas dos meus blogs em redes sociais. Isso é chato demais!

A variedade de textos aqui é quase infinita. Aqui se fala de tudo de uma maneira muito legal. E essa variedade tem me incentivado a escrever mais, a perder o medo se tal texto é bom ou não. Não estou me importando para isso, quero escrever, contar minhas histórias.

O próprio slogan do Medium encoraja as pessoas a escreverem:

Eu tenho escrito mais, no Medium. Com isso, meus blogs (Tempestuosidade e Resliterafilmes) vão ser quase extintos. Não vejo mais necessidade de continuá-los. Se você quer ler o que tenho escrito, me procure no Medium. Também tenho escrito no Scribe, site semelhante ao Medium.

Boa leitura!

terça-feira, 7 de julho de 2015

O Homem Pós-Histórico

Capa

O Homem Pós-Histórico trata de um homem da pré-história que vive sozinho numa caverna ao redor de uma fogueira, caçando, comendo, dormindo. Tudo que o amedronta aflige também o homem de hoje. Ele tem medo do desconhecido. 

Tudo que existe, até então, é ele e o seu mundo. Ele é um ser bruto, vagueia pela terra nu e com uma lança atrás de comida, mas à medida que avança, ele vai se descobrindo e quer saber mais sobre tudo que o cerca. De primeiro momento, sente medo, recua e enfim persiste.

Em uma de suas caçadas, descobre uma biblioteca cheia de livros e corredores coberta pela vegetação. Uma biblioteca na pré-história? Encontra um homem igual a ele e conforme caminha seu mundo vai se expandindo, ele se expande. Descobre mais coisa, enfrenta lobos, o frio chega à beira da morte, mas não desiste, vai construindo sua história.

É um livro simples, leve, objetivo e com conteúdo. Dividido em capítulos bem definidos que guiam o leitor a descobrir mais sobre a obra, assim como o protagonista faz durante toda a história. Embora o retrato seja de um homem das cavernas, é sobre a própria história do homem moderno que o livro trata com todos os seus medos, brutalidade e ao mesmo tempo da compaixão, do amor e capacidade de compreensão e curiosidade. Após a sua história, o seu histórico, o protagonista se desenvolve. Há um mundo lá fora muito maior do que o nosso e precisamos descobri-lo.

O autor, Henry Alfred Bugalho, é escritor, fotógrafo, fundador da Oficina Editora, editor da Revista ZAMIZDAT e autor de uma porção de livros. Eu estava vagueando pelo site da editora e me deparei com este livro. O nome me atraiu. Homem pós-histórico? Por que não pré? O que seria isso? Não entendo como um escritor pode vender seus livros a R$1,99. Não acreditei. Na hora resolvi comprar para ler. Não me arrependi, o livro vale muito mais. 

domingo, 5 de julho de 2015

Avatar

Para mim, Avatar, A Lenda de Aang e A Lenda de Korra, é um dos melhores desenhos animados já feitos. Diferentemente de outros desenhos animados, Avatar tem temas maduros e polêmicos, muito presentes na nossa sociedade, de modo geral. É sobre segundo que vou dar ênfase.


No primeiro, o avatar Aang precisa dominar os quatro elementos, vencer a nação do fogo e restabelecer a paz no mundo. Ele precisa se descobrir, aprender e lidar com os desafios com os quais se depara e por ser um monge do ar busca uma forma mais amena de lidar com as adversidades, empregando a não violência e não matar, por exemplo. Ele precisa aprender que em alguns momentos devemos ter uma postura mais firme. Nesta primeira série, são temas correntes a amizade, o amor e a dualidade bem e mal presentes no conflitante Zuko, príncipe da nação do fogo e rejeitado pelo pai.

Na segunda série, o avatar Korra é uma adolescente da tribo da água que, com exceção do ar, domina todos os elementos. Diferentemente de Aang, Korra é mais intempestiva, agressiva e impulsiva. Ela precisa encontrar o equilíbrio entre ser durona e leve como um monge, necessário a um avatar, o que ela não é.

Se em Aang temos a amizade, o amor, a dualidade bem e mal e espiritualidade como temas principais; em Korra, além dos já mencionados, há os mais recorrentes em nossa sociedade nos quais o enredo se agarra para ser construído. É sobre estes que pretendo falar de maneira geral.

Na primeira temporada, o vilão é Amon que por trás da anonimidade duma máscara lidera um grupo denominado Igualitários e busca a igualdade entre dominadores e não dominadores e faz isso tirando o poder de dobra dos dominadores. Igualdade entre todos é a proposta do Socialismo/Comunismo. Todos são iguais e possuidores dos mesmos direitos, e deveres. Apesar de ser um dominador de água e sangue, ele entende que a dominação é uma ameaça e divide o mundo entre aqueles que tem poder e aqueles que não o tem. Quando todos descobrem que se trata de um dominador de água e sangue, ele perde o apoio da população. As figuras e ilustrações dos Igualitários e de Amon lembram muito as da URSS.



Na segunda temporada, a tribo da água do norte liderada por Unalaq, irmão de Tonraq, pai de Korra, começa uma guerra civil (divisão duma nação) com a tribo da água do sul para exercer seu poder sobre a outra e posteriormente criar um mundo de trevas com a abertura dos dois portais espirituais, deixando livre a passagem entre os mundos material e espiritual, e tornando-se um avatar do mal unindo-se a Vaatu, o espírito do mal.

Na seguinte, Zaheer é um anarquista líder do Lótus Vermelho. Com a convergência harmônica, tornou-se dobrador de ar e aprendeu a voar. Seu objetivo era construir um mundo de caos sem as quatro nações e o avatar. O Anarquismo, verdadeiramente, é a ausência de toda e qualquer forma de dominação, resultado de esforço e conscientização individuais e coletivos, proporcionando, segundo seus ideais, uma sociedade mais fraterna e igualitária.


Na última temporada, surge a vilã Kuvira, dominadora de terra e metal. Ela ganha a confiança do reino do terra por reestruturar Ba Sing Se e por isso vira líder. Ela seria o Nazismo que se fortaleceu com o apoio do reino da terra para depois lhe aplicar um golpe de estado, tomar Ba Sing Se e o poder definitivamente do reino da terra.


A relação entre Korra e Asami Sato, filha de Hiroshi Sato, proprietário das Industrias Futura, deve ganhar destaque também. Asami Sato começa um relacionamento com Mako, dominador de fogo. Mako gosta de Korra e Korra gosta de Mako. No decorrer da história, ele termina com Asami e começa um relacionamento com Korra. Depois, Korra termina com Mako e ele volta com Asami. Korra e Asami ao invés de ter raiva uma da outra e disputarem o homem de que gostam, começam uma grande amizade, uma ajuda a outra. O desenho termina com a amizade entre as duas evoluindo para um romance, que é insinuado durante toda a série. Não era necessário dizer, estava claro, mesmo assim um dos criadores da série fez um pronunciamento confirmando o romance entre as duas. Avatar - A Lenda de Korra revolucionou e quebrou paradigmas pelos temas que se não forem inéditos entre desenhos animados, é algo bem inusitado.


O feminismo, outro ponto a ser destacado, é um movimento político surgido em New York em 1848. Ele veio para buscar o igualdade de direitos entre homens e mulheres, ou seja, equiparar a participação feminina na sociedade à do homem. Hoje em dia, as mulheres podem votar, trabalhar e exercer funções que antes era tipicamente masculina graças às conquistas feministas. O divórcio também é outra conquista do movimento. Uma protagonista forte, durona que precisa tomar decisões e resolver as paradas é incomum na televisão. Quase sempre vemos um protagonista forte, inteligente e que na hora H sabe resolver. As mulheres muitas vezes exercem funções secundárias. Avatar veio para mudar isso, também.

Avatar - A Lenda de Aang é uma animação americana criada e produzida por Michael Dante DiMartino e Bryan Konietzko e exibida pela Nickelodeon entre 2005 e 2008, contando com 3 temporadas e 61 episódios. A continuação da série, Avatar - A Lenda de Korra, foi transmitida entre 2012 e 2014, num total de 4 temporadas e 52 episódios. Ambas foram muito premiadas.

terça-feira, 8 de abril de 2014

O velho e o mar (Livro)

Capa
O Velho e o Mar é a obra-prima do escritor americano Ernest Hemingway. Um livro simples, enxuto, objetivo e cheio de simbologia. Sua linguagem assemelha-se ao dinamismo do jornalismo, o escritor era jornalista.

O velho Santiago é um pescador, ele não pesca um peixe há três meses e convive com críticas e chacotas de outros pescadores. Ele apenas tem um menino como amigo que nunca o deixou, fora isso, Santiago é um velho abandonado.